Publicado originalmente:
http://www.palavraoperaria.org/Marcos-Vinicius-presente-Basta-de-vitimas-de-homofobia-e-transfobia
Nos jornais e nas redes sociais, pelo menos mais três
assassinatos homofóbicos foram divulgados neste domingo (16).
Marcos Vinicius Macedo Souza, de 19 anos, era um estudante
que foi esfaqueado próximo ao parque do Ibirapuera, um dos lugares de maior
referência na organização e nos encontros LGBT. Mais uma cena de terror. Amigos
contam que depois de um encontro haviam se separado e não se reencontraram mais
até que por gritos ouviram que alguém estava sendo atacado. Com diversas
facadas, o jovem agonizava no mato onde foi encontrado. Foi levado ao pronto
socorro, mas não resistiu.
Rachel, como era conhecida, de 40 anos, foi brutalmente
assassinada em sua casa, quando duas pessoas bateram em sua porta pedindo um
copo d’agua e a surpreenderam com tiros no Jardim Bela Vista, SP. O
cabeleireiro José Wilson Alves, 39 anos, morador da zona norte de Natal, foi
encontrado morto com os moveis revirados e manchas de sangue nas paredes. Além
disso, Danilo Putinato e seu namorado Raphael Martins foram brutalmente
agredidos dentro do metrô de SP no domingo dia 09.
Os brutais assassinatos de Marcos Vinicius, Rachel e Wilson
não podem ficar impunes. Não podemos mais aceitar calados essa situação. É
preciso organizar um grande movimento nos locais de trabalho e de estudo que vá
às ruas lutar pela liberdade sexual e livre construção da identidade de gênero,
exigindo que o Estado reconheça essa opressão criminalizando a homofobia.
Somente com um movimento de milhares nas ruas, sendo expressão dos debates
vivos impulsionados pelas entidades estudantis e os sindicatos, é que poderemos
dar um basta nessa situação.
O "Brasil sem
Homofobia" do PT não pode existir sem romper as relações com as bancadas
evangélicas e o Vaticano
A crescente visibilidade que os inúmeros assassinatos de
LGBT veem tomando: Kaique Augusto, João Donati, Geia Borghi, Marco Vinicius e
tantos outros, escancara o título de "Brasil campeão da homofobia".
Segundo relatório da ONG internacional Transgender Europe, o Brasil, entre
janeiro de 2008 e abril de 2013, teve 486 mortes de transexuais. Em 2013, foram
312 gays, lésbicas e travestis brasileiros assassinados.
De janeiro a setembro deste ano, foram 218 mortes de LGBTs
no país, dos quais 71 por tiros, 70 a facadas, 21 espancados, 20 por asfixia,
11 a pauladas e seis apedrejados. Atualmente já somam 265 assassinatos.
Proporcionalmente, nós travestis e transsexuais somos as que mais sofremos com
isso, pois morremos em números iguais aos gays que representam cerca de 20
milhões, e nós não chegamos a 1 milhão.
Parece que os chamados de Levi Fidelix, Feliciano, Silas
Malafaia e Bolsonaro têm surtido efeito. Com o kit-antihomofobia, (destinado a
debater nas escolas as sexualidades não heterossexuais) vetado, com a continuidade
dos acordos Brasil-Vaticano que garante isenção fiscal para as igrejas
católicas e o direito de ministrar aulas religiosas nas escolas, com a
participação de Marco Feliciano (PSC) na Comissão de Direitos Humanos da Câmara
durante todo ano passado reforçando sua ideologia de que homossexuais são
doentes, e com os discursos de que os filhos são gays porque não apanharam
direito de Bolsonaro, assim como o discurso para violência contra homossexuais
de Levi Fidelix nos debates eleitorais, seguimos morrendo.
O governo do PT, que diz lutar contra a homofobia com seu
projeto "Brasil sem homofobia", foi questionado dos pés à cabeça em
Junho de 2013, entre tantos motivos pela seu papel na chegada de Feliciano na
Comissão de Direitos Humanos. Na recente eleição, Dilma disse demagogicamente
que iria criminalizar a homofobia. Mas como pode reconhecer que os LGBT são
tratados diferentemente dos heterossexuais se segue ao lado de Vaticano, das
bancadas evangélicas e setores como Maluf, Sarney e tantos outros que
necessitam nossa opressão para dividir a classe trabalhadora e sustentar assim
essa democracia dos ricos?
Para que não sejamos mais expulsas de casa, para que não
mais apanhemos dentro do transporte público, para que não sejamos assassinadas
ou nos auto-mutilemos ou os auto- mediquemos pelas filas de anos para alcançar
nosso tratamento hormonal ou cirurgia de transsexualização, é preciso romper
com estes setores e garantir educação sexual nas escolas, criminalizar a
homofobia, SUS estatal de qualidade com atendimento às trans e acabar com a
precarização do trabalho.
Justiça e punição já!
Seguiremos nas ruas para que sejam os últimos!
Se os dados comprovam que a cada cinco gays ou transgêneros
assassinados no mundo, quatro são brasileiros. Que a cada 28 horas um
homossexual é assassinado e que a perspectiva de vida de nós travestis é de
apenas 35 anos. Nós não aceitaremos essa situação!
Convocamos neste domingo, junto ao Setorial LGBT da
CSP-Conlutas, um ato exigindo investigação e justiça já para Marcos Vinicius!
Pela criminalização da homofobia! Comissões de investigação independentes do
Estado, formadas por familiares das vítimas, organizações LGBT e de direitos
humanos, sindicatos e entidades estudantis.
TODOS AO ATO:
Domingo - 23 de
Novembro
Parque Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral - Moema - São Paulo
Concentração Às 16 hrs!
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