26 NOV 2014 | No
último domingo ocorreu o ato por Justiça e Investigação para o caso de Marcos
Vinicius, jovem homossexual (19), esfaqueado no Ibirapuera, point LGBT de São
Paulo. Convocado por diversos grupos LGBT, a Setorial LGBT da CSP-Conlutas,
Sindicato dos Metroviários de São Paulo e agrupações de Juventude ligadas ao
PSOL (RUA e Juntos), estivemos nós da Juventude Às Ruas junto a uma delegação
de trabalhadores do Movimento Nossa Classe.
Virgínia Guitzel, trabalhadora da saúde mental e militante
da Juventude Às Ruas relatou: "Com dezenas de jovens fechamos por mais de
duas horas um dos portões do parque mesmo com chuva para exigir justiça para
Marcos Vinícius e todos os assassinados por homofobia e transfobia. Denunciamos
o governo Dilma que é responsável pelo aumento da bancada evangélica e dos
setores conservadores com suas alianças sujas com Vaticano, Feliciano que
presidiu a comissão de Direitos Humanos e agora indicou Katia Abreu para
Ministra da Agricultura. E exigimos que os familiares e amigos da vítima, assim
como as organizações de luta LGBT, direitos humanos, sindicatos e entidades
estudantis participem da investigação para garantir transparência, analisar e
averiguar as provas e laudos oficiais".
Em seguida, explicou: "Pois como lembrávamos, não é a
primeira vez que viemos às ruas para garantir justiça. Kaique Augusto que foi
brutalmente torturado e assassinado na cidade de São Paulo no início do ano,
com os dentes arrancados e uma barra de ferro atravessada em sua perna, a
polícia decretou suicídio. Fomos às ruas e nosso movimento recusou essa
falsificação. Não confiamos no Estado, suas leis e polícias para garantir
justiça, por isso para desmascarar esse Estado que nem sequer reconhece a
existência da homofobia e sistematicamente se recusa a votar uma lei que
criminalize os ataques, agressões, discurso de ódio e assassinatos contra a
população LGBT, exigimos nossa participação para expor o quão estrutural é essa
opressão que o próprio Estado reproduz".
Sobre a delegação de metroviários que na última semana
tomaram os grandes jornais, blogs LGBT, com milhares de compartilhamentos nas
redes sociais com sua ampla campanha contra a homofobia em solidariedades ao
companheiro Danilo (metroviário) e seu namorado que foram agredidos por 15
homens dentro do Metrô de São Paulo, Virgínia comentou: "A campanha de
fotos dos metroviários de São Paulo emocionou muitos LGBT de todo o país. Em
meio a tanta polarização sobre o tema, com Levi Fidelix, Bolsonaro, Feliciano e
tantos outros seguiram sua campanha para mais mortes e agressões aos LGBT. Já
sem muita alternativa, devido ao que é hoje o movimento LGBT brasileiro, os
metroviários em sua campanha demonstraram para milhares que receberam sua
mensagem que existe um caminho para combater toda forma de opressão. Entre as
coisas mais emocionantes, uma coisa não saiu da minha cabeça ’imagine se no meu
local de trabalho e de estudo, se onde nós LGBT trabalhamos, houvesse uma
resposta tão profunda?’".
Continuou: "Mas os metroviários sairam da tela do
computador e dos celulares modernos e participaram do ato junto conosco.
Recuperaram assim uma das peças chaves que o movimento LGBT precisa se encher
de orgulho, a tradição da aliança da classe trabalhadora com os setores oprimidos
na luta independente da igreja, do Estado e dos patrões por uma vida
digna".
Virgínia concluiu: "Voltaremos às ruas quantas vezes
for necessário para garantir justiça para todas as vítimas da LGBTfobia. Para
isso, é preciso em cada local de trabalho e de estudo dar as batalhas
necessárias para que o conjunto das categorias e dos estudantes tomem para si
essas demandas. Reafirmamos o chamado a esquerda, em especial PSTU e PSOL, que
dirigem importantes sindicatos e entidades estudantis, como o DCE da USP, a
mobilizar sua base para construir ações massivas que possam desenvolver pela
mobilização independente uma saída de fundo para as opressões. Ao PSOL, fazemos
um chamado especial, frente ao seu resultado eleitoral e a defesa feita pela
candidata a presidência, Luciana Genro, exigimos que coloquem seus mandatos à
serviço da luta dos trabalhadores e dos setores oprimidos, rompendo com as
defesas ao PT como vimos no segundo turno, por uma das principais referências
LGBT, Jean Wyllys. Lutaremos para que não apenas haja liberdade para nosso
exercício da se sexualidade e construção da identidade de gênero, mas as
condições necessárias para que se possa ser, construir e desenvolver em toda
linha nossas potencialidades humanas. Que como primeiro passo é organizar um
movimento de centenas de milhares pela aprovação imediata da Lei João Nery (lei
que garante o direito e o reconhecimento da identidade de gênero) e pela
criminalização da homofobia para com maior igualdade lutarmos contra o
capitalismo que nos impõem ao conjunto da humanidade a miséria das relações, da
sexualidade e de nossa livre expressão do ser”.
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