terça-feira, 1 de maio de 2012

Uma biografia.

Contra qualquer visão biológica - determinista - ou mesmo destinada, sem escolha, sou Virginia. Que não foi por escolha, é um tanto quanto óbvio, mas não utilizo isso como um escudo. Porque escolheria. E porque o novo teve de ser construído. Os passos que foram dados, ainda são os primeiros. Mas me imponho para mantê-los. Não que o próximo passo pareça mais fácil pelos que já foram dados, mas torna-se mais prazeroso saber que meus passos estão levando-me para onde eu me quero estar. Enquanto caminho, me modifico e redireciono, avanço, evoluo.

A cada passo meu, algumas contradições. A cada passo meu, mais camaradas ao meu lado avançam.
Sou uma pressão diária a todas/todos eles/elas. Sou uma intervenção e expressão apenas pela ousadia.

Meu corpo como instrumento de combate, também me serve como instrumento de expressão e identificação. Não sou por essência, não nasci homem, não nasci mulher. Não nasci quem eu sou. O que nasceu já se transformou, assim como ainda me transformarei.

A produção dos corpos, de um nome, de uma posição em relação ao mundo se dá pela existência nele. Existência essa que se recusa e se entrega. De muita crise e muita miséria. Me impõem o combate e respondo com o marxismo com predominância estratégica! Me impõem a dor, então busco meus camaradas. Me impõem a insegurança, sei que não estou sozinha.

Isso não é um renascimento, pois nunca estive morta. Isto aqui chama-se Stone Wall! Chama-se a construção de uma identidade. Chama-se tomar as vidas pelas próprias mãos. Chama-se uma resposta as pressões machistas e homofóbicas! Eu me chamo Virginia. 

Não nasci Virginia, isto é um fato. Mas não poderia morrer, sem sê-la.