Acaba de vir a público, pela pagina Oficial da ANEL, sem o consentimento dos próprios membros da Executiva Nacional - organismo de direção da entidade - a programação do III Congresso. Chama a atenção que num dos mais importantes debates sobre a “Situação Política no Brasil e os rumos da esquerda" contraditoriamente traz entre os palestrantes, um representante do governo Federal, o deputado petista Adriano Diogo.
Para além do enorme burocratismo, tão recorrente pela ala majoritaria do PSTU de decidir os rumos da entidade como um braço de sua organização, teriam de explicar o que o partido da ordem, responsável pela contensão dos movimentos sociais e principal inimigo dos gigantescos protestos de Junho de 2013 pode contribuir para os "rumos da Esquerda"?
Combater o Estado e o Governo para que o Movimento Estudantil responda as grandes crises nacionais
Não é possível que o Congresso pós Junho, que se proponha a tarefa de responder a nova conjuntura nacional e o surgimento de um forte movimento estudantil no Rio de Janeiro, não parta de apontar claramente contra quem lutamos e possua total independência de classe contra os partidos da ordem, dos exploradores.
Convidar um representante do governo (!) justamente após o profundo desgaste aberto pelo maior processo de mobilização da juventude nos últimos 20 anos e aprofundado pelos ajustes que ataca os trabalhadores com as medidas provisórias 664 e 665, os cortes na Educação com mais de 9 milhões, a crise do FIES, é impor a entidade um impasse profundo para construir verdadeiramente uma terceira via, independente e aliada aos trabalhadores para além dos discursos de "greve geral" em abstrato. Expressa o profundo ceticismo e burocratismo da ala majoritária de transformar a ANEL como alternativa concreta para a luta de classes capaz de organizar a juventude que foi as ruas contra todos os partidos da ordem, em especial o PT em 2013 e hoje são linha de frente de greves e lutas importantes nas universidades públicas e privadas, em oposição ao governismo da UNE que é um verdadeiro freio das lutas.
Agora justamente quando os inimigos da Juventude e dos trabalhadores, PT e PCdoB, dizem que "não defender a democracia é destruir a esquerda", onde as paralisações nacionais e as lutas dos trabalhadores e dos estudantes são usadas para defender o governo Dilma contra a (falsa) ameaça do "golpismo", sendo estes os responsáveis pelo crescimento da bancada do BBB (Bala, Biblia e boi) com ataques aos direito das mulheres e LGBT e a aprovação da reacionária redução da maior idade penal, os militantes do PSTU propõem convida-los para contribuir para o "Rumos da esquerda" por ser uma "referência nos direitos humanos e demandas democráticas"? Como podem ser sérios para falar e votar no congresso algo como "Nem governo, nem direita" ou defender os setores oprimidos se o governo (PT) está na mesa deste congresso?
É preciso superar essa falta de independência politica do PSTU, que busca se apresentar como "ala esquerda do Petismo", para garantir um espaço de formação política da entidade que previlegie as lutas em curso, os grupos da esquerda que compõem a ANEL e os fóruns e órgãos de direção da entidade, fazendo que esta permita que seja apropriada pelos estudantes para lutar.
Porém, infelizmente não é a primeira vez que temos um inimigo de classe em nosso Congresso com espaços privilegiados pelo PSTU. O bombeiro Odaciolo, recentemente expulso do PSOL que para alem de tirar fotos com o reacionário Jair Bolsonaro na semana que o mesmo declarava que não estuprava outra deputada porque nem isso ela merecia, propos alterar a Constituição contra a juventude, para afirmar que "o poder emana de Deus" e não do povo, que agora seguirá com seu mandato confirmando que sim o PSOL elegeu um reacionário. Há quatro anos desde a campanha "Somos Todos Bombeiros", onde nós fomos absolutamente contrários, que balanço o PSTU e o conjunto da ANEL fazem desta campanha e do seu "companheiro"?
Qual balanço de Junho e para que se prepara o III Congresso da ANEL?
As imensas mobilizações de Junho que trouxeram uma inflexão para o país, com o fim de ciclo dos governos pós neo liberais na América Latina e o aprofundamento da crise econômica, os ritmos do país e dos ataques só aumentaram. As respostas, ainda insuficientes por responsabilidade das burocracias sindicais e estudantis, não podem esconder a disposição de luta e a força dos explorados e oprimidos.
A esquerda, principalmente o PSOL e o PSTU demonstraram sua falta de independência política e de como os anos de adaptação não os permitiram se preparar para a luta de classes, não podendo cumprir papel algum nas intensas mobilizações de Junho. A juventude desorganizada, desvinculada da sua condição de classe e por fora de seus locais de trabalho e de estudo foram submetidas ao espirito dr época autonomista, sem maneiras profundas de organização capaz de dar voz a base e seguir organizado o gigante que tomou milhares de cidades pelo país.
Nossa juventude, que vem construindo a ANEL e irá para este Congresso fortalecida com delegações de Minas Gerais, São Paulo, Amapá, ABC Paulista e Rio de Janeiro, nos propussemos no fim de 2013 a construir um grande encontro que reuniu mais de 800 jovens, trabalhadores, LGBT, negros e negras e mulheres para debater as lições de Junho por uma perspectiva revolucionária.
Sem a clareza dos limites desse processo, não tem como a ANEL ter a a necessária ambição para chegar a dezenas de milhares e colocar de pé um instrumento capaz de pela via da auto organização construir uma terceira via. É partindo dessa necessidade objetiva que nós da Juventude Às Ruas impulsionamos o Esquerda Diário, a qual convidamos aos lutadores deste Congresso, que não esquecem seus inimigos a se informar e colaborar para construir uma mídia verdadeiramente independente dos patrões e do governo. Chegar em milhares de pessoas para dar uma perspectiva dos acontecimentos nacionais e internacionais pelos olhos dos trabalhadores e da juventude está a serviço de pensar como aprofundar o desgaste do regime, com uma saída pela esquerda.
A ANEL tem a tarefa de avançar de uma pequena entidade, muito consumida pelas crises do PSTU, a adotar uma orientação capaz de demonstrar na prática e no cotidiano o combate a UNE, coordenando as lutas nacionalmente, incentivando o surgimento de ativismo e militância e adotando uma postura muito mais ativa em defender um programa para as universidade privadas que junto a tentativa de desmonte da educação pública, expressam a importante crise da educação nacionalmente.
O III Congresso da ANEL é uma grande oportunidade de construir sem o PT e outros inimigos de classe, uma alternativa pra juventude que quer o futuro.
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