quarta-feira, 1 de julho de 2015

A travesti não vive só de política

Te escrevi um poesia Apaguei, não tinha rima Escrevi então sem muita pretensão Uma espécie de alerta ou de precaução
Te vi Silêncio, Olhos atentos Rio e espero teu abraço De novo, te olho Mas nada tive coragem
Timido e meigo Os olhos, o sorriso e o jeito Ah! Te procuro com os olhos Nada mais, é um devaneio Foi seguro enquanto durou o silêncio Não menos sincero que esse verso-momento
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Mais relações profundas
Por favor
Superem a risada alienada
O choro pisado que não escorre
Só esconde ou já não tem o que mostrar

Mais relações profundas
Menos drogas baratas
Conversas caladas
Corações sem alma


O que não se permite dizer
Ou não desenvolveu nada
Para transformar em novas palavras
Ou não tem segurança que se valha


Mais relações profundas
Mais
Mais verdade
Mais sinceridade

Então
Troca, confia, sorria
Não que deixe este pedido
Seja perdido
Ou se torne esquecido.


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Ah!
Parece que criou sentido
A fumaça aumentou o sorriso
Os olhos e o toque mesmo timido
Era doce, o sabor que trazia consigo
Quis beija-los
Um amor irrecusavel
Mas sorri e decidi partir
Eram os dois tão presos ali
Entre o amor e os limites do desejo
Faltava um beijo?
Ah...
Faltava a liberdade de se ser
Mas os olhos beijavam
As mãos beijavam
E os labios?
Os lábios mesmo proibidos
Viram
Os braços e pernas tímidos
Sentiram
Ah! Não se permitiram
O olho fez poesia
Atestou-se no riso
Foi um amor-proibido
Que já não podia esquecer o sentido
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Um brinde

Meu corpo
Um campo de batalha
Chora, grita e sente
Combate de forma valente
Todo o dia
A mesma e nova transfobia

Me constroi
Cada dia mais uma batalha
Venço, perco, segue empatado
Do lado de ca me fortaleço
Mas eles crescem, não me esqueço

Na mira, sigo perseguida
O corpo, as regras, as normas
Evidência
Hetero, cis, burguês
Essa moral em mim se desfez

Corta, mutila, hormoniza
Transforma a cada dia
De forma desigual é impedida
De ser plenamente reconhecida
Da miséria destinada
À insurreição organizada
Se levanta, me levanto

Sei, nasci pra ser sujeito
Escolhi, decidi, quis ser eu mesma
Me tornei abjeto
Parece comum
Um ser que não parece merecer afeto

A nós, um brinde
Guerreiras sobreviventes
Mais um dia
No campo de batalha
Da vida
Do corpo
Da alma

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