quarta-feira, 1 de julho de 2015

Bolsa “fique no armário”, uma nova tentativa para o velho objetivo de para manter as LGBT no armário


Não é difícil encontrar LGBT que digam que gostariam de ser heterossexuais ou cisgêneros. Que gostariam de viver sem ter de sentir medo por ser quem é ou gostar de quem gosta. Triste, mas verdadeiro, não é difícil encontrar amplos setores que não conseguem assumir sua identidade trans ou sua orientação homo ou biafetiva. Há ainda aqueles que em algum momento da vida possuíram a coragem de ser e de se assumir com orgulho, mas a profunda opressão os fez retroceder. São estes os "ex-gays" e "ex-travestis" curados por Feliciano, Malafaia e outros políticos que utilizam da religião e da fé de centenas de milhares de trabalhadores para viverem como empresários?


Querem nos exterminar?
Pouco a pouco, a bancada evangélica foi conquistando seu espaço. Com acordos com o PT em 2013 tomou a Comissão de Direitos Humanos e fez carreira. Impediu o kit anti homofobia e agora conseguiu vetar o debate de gênero nas escolas. Na guerra do conhecimento e do combate as opressões desde a infância venceram. Continuaremos sendo discriminadas, com maior evasão escolar, agressões e violência física e psicológica.

A cada novo assassinato, fazem questão de abafar. Procuram o delegado, a mídia mais reacionária e legitimam todas as torturas de Veronica, a morte de Laura e tantos outros homossexuais que "algum motivo deram". Seguem o exemplo do Bispo Bernardo Alvarés que afirmou que as criança provocavam justificando as acusações de pedofilia. Estão prontamente contra igualar a opressão homo-transfóbica ao racismo e ao machismo, com a criminalização da homo e transfobia.

Na lei do Feminicidio, disseram novamente que as mulheres trans e travestis não são mulheres e não sofrem com o machismo. A Lei João Nery é ouvida com temor, pois afronta a visão determinista que se nasce assim e vai morrer assim. Nada disso se aprova e os LGBT segue sem seus direitos.

Por um lado, abandonam os direitos elementares como saúde com atendimento para a harmonização e demais procedimentos que sejam necessários, a educação com respeito as identidades, moradia e trabalho. Nos mantém em 90% na prostituição. E agora, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) propõem uma incentivo para deixar de ser gay (Senão cura, paga-se a transformação?).

O problema que não querem discutir é a profunda situação deprimente que vivem os homossexuais e as identidades trans no país. Os fatos falam muito mais do que os delírios da bancada fundamentalista, é um homossexual assassinado a cada 28 horas e mais da metade dos assassinatos contra homens e mulheres trans e travestis do mundo, ocorre no Brasil. Com essas (falta de) condições, como pode-se querer ser algo que por si só reduz sua perspectiva de vida de 78 a 35 anos como é das travestis? Que seu simples gesto de carinho possa resultar na agressão ou na expulsão de um bar? Que casar não é mais um direito e nem ao menos doar sangue você pode continuar a fazer.

Num país onde ser LGBT é sinônimo de violência e perversidade, o medo, a angustia e a opressão tentam calar e impor pelo extermínio cotidiano ou pelas novas ideias de cura gay e bolsa-fique no armário fazer com que desaparecemos.

O mito da liberdade heterossexual ou cisgênera
Já dizia a Cantora Pitty "Eu queria ser homem, depois descobri que queria ser livre". Ta aí, o puro desejo de ser e estar sem ter de "pagar por isso", sem ter "consequências", sem ter que virar escoria.

Todavia, muito se engana aquele ou aquela pessoa ou movimento que acredita que ser hetero ou cis é sinonimo de emancipação ou libertação. Ou aqueles outros que acham que a luta pela libertação sexual e identitária se resume na luta por direitos civis ou leis para os LGBT. Muito pelo contrário, como aponta Reich em A miséria Sexual da Juventude, vivemos numa miséria sexual própria da sociedade capitalista que impõem a sexualidade um destino próprio da reprodução da ideologia (moral) e da reprodução sexual conservando a família e a estrutura do capital.

A luta contra as pressões e conclusões próprias da etapa já passada da ofensiva neoliberal, onde se negava a existência da classe trabalhadora, como se os carros, os alimentos e as roupas se fizessem por conta própria já não podem mais ocultar os desafios de construir um movimento questionador de tudo que encare também a sexualidade e a identidade de gênero como outra forma de dominação tão necessária de ser superado quanto a estrutura econômica e política que as submetem a lógica capitalista.

Os movimentos que prezam pela auto-organização como oprimidos desconsiderando que não existe separação entre as mulheres, negros e LGBT de suas vidas concretas, como trabalhadores ou expropriadores, terminam limitados pelas leis, pela ordem e pelos caprichos dos exploradores. Essa é a farsa de todo movimento que não possui uma estratégia capaz de transformar radicalmente nossa sociedade. É tempo de construir um movimento que busque libertar o ser humano de sua prisão, que permita o livre desenvolvimento de nossas potencialidade e queira construir uma identidade coletiva que permita todas as expressões de gênero e completa liberdade sexual que rompa com as normas, também homo e transnormativas, onde os estereótipos, o dinheiro e os hormônios impõem claras regras.

É preciso dizer basta de controle sobre nossos corpo e mentes! Construamos um novo mundo onde possamos ser verdadeiramente donos de nós mesmos e de nosso futuro.

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